sábado, 28 de fevereiro de 2015

Chave D'água


Tão perto de um chão
Que feito arte de um mapa,
Faz Fabianos irem e virem mapa a fora.
Mapa a dentro
Chão de cimento.

Faz água,
Faz falta
Faz capa de sol.
De areia.
Mancha marrom.

Tão perto de um chão
Que feito arte de um mapa
Divide-se por si só
Por falta de cabimento
E por falta d'água.

Camila Barros

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Maré Errada



lutando,
esquecendo,
enlouquecendo.

pondo roupa
quando tinha que tirar.
pondo chuva
quando tinha que secar.

lutando,
esquecendo,
enlouquecendo.

continuando sempre
a soprar contra
o ventilador.

Camila Barros

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

indo sem data pra voltar

diferente do sol, que toda manhã volta
diferente do meu sono, que dorme e acorda
diferente da corda que tem começo e fim..

eu vim por dentro das nuvens d'água..
vim exclusivamente pra preencher teu lado esquerdo
vim ficando com metade do guarda roupa
cheirando tuas roupas
sem saber a data de acabar!

eu vim bagunçar tua cozinha
beber na boca da tua garrafa e na boca do teu corpo
eu vim sem saber tua altura
sem saber o tamanho das tuas unhas..

eu vim sem saber do teu beijo
sem saber o tamanho do teu abraço
eu não sei se quero voltar,
na verdade..
eu vim..
sem validade.


Camila Barros

Introspectivo

feche os olhos. 
olhe dentro  
olhe no centro.  
coloque a mão na barriga
veja o equilíbrio, o meio.  
o você - inteiro.

feche os olhos fechados  
ouça no som da sua mente  
a música 
que pressiona 
seus órgãos.

(seja o intermédio)

imagine a explosão.  
você é o que está entre si  
e entre milhões de vidas.

Camila Barros

Cebola cortada

estrelas de Montenegro
brilhando

baião de Raimundo e Chicas
enchendo

águas com Tom misturadas com Elis
fechando

um Monte de gentileza
pintando de cinza

Russo abortando
te contanto do país

senhas secretas
para mal educados

os olhos de Chico
e a distancia do cálice

o pai seis vezes
falando de facas

indo de taxi e trem

pra casa,
pro teto da minha casa, 

chorando, esperando a tarde cair

Camila Barros

Separados

Muitas coisas foram embora!
Córneas amarelas e unhas azuis;
Cheiro de café e eucalipto;
O beijo moreno e o sol em banho maria.

Muitas coisas não ficaram,
Simplesmente por não querer ficar.

É camarada! É por debaixo dos panos
Que sentimos saudade..
As vezes ou quase sempre.
Sempre ou certas noites.

Sentimos um oco
Por saber que os vícios não são os mesmos
E por saber que os olhos podem,
E vão mudar de cor.
Ficarão da cor de outra pele..

Pois muitas coisas não ficaram,
Simplesmente por não querer ficar.
Camila Barros
Foto: Jane Oliveiraa