terça-feira, 29 de março de 2016
eu sei que você não vem
mas eu preparo a cama,
a cozinha
os pratos na mesa...
eu deixo duas velas acesas,
duas cadeiras expostas;
minhas costas expostas...
mas ainda sei que você não vem!
não vem pra ficar
não vai se plantar;
mas vem muda e
me beija e que seja
enquanto durar...
eu sei que você não vem raiz
não vem matiz
não vem forte...
vem feito barco,
pra ficar na maré!
pra me permanecer desinteiro,
só na fé de uma amizade salgada feito o mar
ah, mar..
cuidai desses barcos
camila barros
segunda-feira, 28 de março de 2016
teu corpo avenida com a minha rua
a gente podia ser esquinas
pra se encontrar o tempo todo...
não canso de ficar aqui sentado
pensando em como tu chegas
a toda hora
pra aliviar meu dia!
esquento todas as tardes
mas quando a noite aparece
eu abro os braços
pensando em como tu chegas
a todo instante
pra arrebentar com tudo aquilo que eu fiz.
a gente podia se gostar sem se separar,
se amar, sem entristecer...
a gente podia ser esquinas
pra se pertencer o tempo todo...
camila barros
sexta-feira, 25 de março de 2016
quando eu me parto de ti
não sabes tu como sou grande quando imagino esse sentimento todo. tento não me importar, mas ainda sonho com coisas para serem trocadas quando nos olhamos; briguinhas bobas sem cobranças embutidas para virarem guerra de travesseiro; sono com hora para acordar, pois é preciso ir embora; beijos calorosos e devidamente errados e proibidos pelas nossas mães!
não sabes como me acho clichê e quadrada nessa terra tão redonda. se tu soubesse das flores que quis roubar pra te dar... das vezes que quis correr de mãos dadas na beira mar azul escura... ah, se tu soubesses, viria de mala e cuia e cabaça e vassoura e roupa rasgada de usar em casa. viria sem pestanejar e nem piscar para não errar o caminho. e eu? eu estaria te esperando com os abraços mais valiosos que tenho em banho maria. te receberia calorosamente com os seios expostos e vivos, com o desejo feito chuva, com meu corpo nu e nós, com minha alma crua e variando o estado de humor pra tu me consertar e me olhar e me dizer que tudo sempre ficará bem.
mas não sabes tu que foi pra ti que meu coração quis entregar de bandeja o meu ser inteiro, maneiro, descalço! quis dar-me, pois muitos foram os dias que me senti só, até que te vi; que me senti perdida, até que te vi mais uma vez e te achei linda... tu nem sabe, nem sabe mesmo.
isso tudo é verdadeiro! cinematicamente fantástico! os términos e retornos, as confusões e desconfusões, e, até mesmo, tudo que foi visto e que não enxerga mais...! eu te conto tudo isso quando te olho e quando não tenho certeza de nada, só estou ali. estou falando que essa história maravilhosa de sentir, não deve ser mais escrita. não sei como aceitar, entretanto esqueço-te por partes... te deixo ir embora por pedaços, ficarei com um pouco do teu coração que já me foi prometido, mas ainda assim, não sabes tu, que eu casaria com teu olhar todo dia.
infelizmente não há espaço pra esse filme, mas as cenas se manterão guardadas nos compartimentos de ouro que tenho no colo; serão aquecidos sempre que eu te encontrar, serão cenas vivas, recordativas... pois as coisas boas navegam no mar do peito de cada um.
infelizmente não há espaço pra esse filme, mas as cenas se manterão guardadas nos compartimentos de ouro que tenho no colo; serão aquecidos sempre que eu te encontrar, serão cenas vivas, recordativas... pois as coisas boas navegam no mar do peito de cada um.
termino aqui, tudo por aqui, nada foi por acaso. mas termino mesmo!
quarta-feira, 23 de março de 2016
A distância que cabe em si
eu gosto do extremo
de quem treme com os versos
e com o rasgar da roupa.
eu gosto da diferença
de ser tão rio
e de ser tão fogueira.
eu gosto do abismo,
eu gosto da beira.
eu gosto da barraca fincada
no meio da ladeira.
camila barros
terça-feira, 22 de março de 2016
sempre acreditei que a vida é um caminho bem, bem longo. tão longo e tão cheio de paradas de ônibus, bicicletas, carros, pessoas... e é assim que as coisas acontecem, em cada parada dessas, nessa caminhada que eu sigo andando, eu deixo alguma coisa! já deixei brinquedos, livros, poemas, alegrias, casamentos, familiares, cadernos, calças rasgadas, blusas de banda de rock... hoje eu deixo algumas pessoas, alguns planos que não são bons, algumas pedras e caixas que não me servem mais.
sempre acreditei que nessas andanças eu teria dias bons e ruins, mas aqui onde me encontro agora, eu só sinto o redemoinho chegar para, junto com meu coração, deixar tudo em paz. sim, o redemoinho e meu coração, pois tudo na confusão se entende, viu!
pois bem, vou deixando agora tudo que disse... o caminho continua longo, eu continuo de prontidão, andando, olhando o sol chegar e a lua aparecer.
sábado, 19 de março de 2016
I don't like it
pois gostar
as vezes dói
dói a
falta que tu faz
dói a
comida que eu
não fiz.
pois gostar
as vezes mói
a cabeça
e muitos dias
o coração
que tanto magoado.
pois gostar
as vezes
é ferver o corpo
numa panela
quente.
pois gostar
é isso
que eu sinto
muito
pois gostar
não é o que eu
gosto.
não agora;
tanto.
tanto.
camila barros
quinta-feira, 17 de março de 2016
Eu escrevo porque posso ser quem eu quiser. Na ordem da vivência escrita, posso escolher qualquer pessoa para viver uma grande história, uma grande memória, ou qualquer coisa tão, mas tão grande, que seja capaz de abarcar todo meu coração! Posso escolher chorar, sofrer, sorrir, correr... e assim quase sair do corpo em direção à praia (e que sensação maravilhosa).
Eu escrevo porque dentro de um papel, devanear não é pecado e nem me traz culpa. Eu pulo o quanto achar maravilhoso, eu até surfo; eu, que tanto tenho medo do mar.
Nas folhas que eu sublimo, muitas vezes, sou minha potência máxima. Consigo resolver os problemas tomando café da manhã, ouvindo a estação 96,7 ou até mesmo deitada naquela rede que me foi presenteada.
Eu escrevo para viver, ou melhor, para super viver. "São tantas coisinhas miúdas", né Gonzaguinha? São tantas mesmo... são muitas, são vivas, e como ele, eu busquei a palavra mais certa (todo o tempo).
camila barros
Eu escrevo porque dentro de um papel, devanear não é pecado e nem me traz culpa. Eu pulo o quanto achar maravilhoso, eu até surfo; eu, que tanto tenho medo do mar.
Nas folhas que eu sublimo, muitas vezes, sou minha potência máxima. Consigo resolver os problemas tomando café da manhã, ouvindo a estação 96,7 ou até mesmo deitada naquela rede que me foi presenteada.
Eu escrevo para viver, ou melhor, para super viver. "São tantas coisinhas miúdas", né Gonzaguinha? São tantas mesmo... são muitas, são vivas, e como ele, eu busquei a palavra mais certa (todo o tempo).
camila barros
domingo, 13 de março de 2016
Enfeite
dessas últimas vezes que olhei para o céu,
encantei-me pela pipa.
pois
dessas últimas vezes
eu tenho me deixado encantar
pelas coisas miúdas,
e quase somente por elas.
camila barros
quinta-feira, 10 de março de 2016
Dialética angústia
Leia ouvindo (com fones): Tiziano Ferro - Imbranato
É tudo angústia. As vezes que eu choro, que eu penso, que sinto meu coração mexer e palpitar. É só angústia de saber que sou alheio à toda tua vida, e que eu não posso dar-te um anel, um vestido ou um refúgio. Todas as vezes que eu quis me distanciar, não foi por não te querer, mas por angústia! Nunca tive problema de sofrer sozinho, apesar de me desesperar muito, mesmo que calado. Todas as vezes que eu quis desistir dessa aventura, foi por não querer me apaixonar mais, mesmo que a saudade tome conta! Por todas essas vezes, foi por pura angústia que eu disquei teu número, que eu olhei tua foto, que eu lembrei do teu corpo e do teu sorriso no meio das frases que tu fala. É por angústia e também por afeto que eu tô aqui perdido, feito deserto, me alimentando desse nada que passam nas tardes quando você não está. É tudo por angústia. Falar o que eu sinto quando sei dessa condição, é também. Ninguém entende, você é na minha vida uma cama nova que eu mal posso deitar. Um sonho gostoso, uma paixão de dias e dias que não tem final e nem pra onde ir, por pura angústia. Nisso tudo eu sou expectador e expectativa; um grito sem boca suficiente pra relatar... e tudo isso por pura angústia.
camila barros
quarta-feira, 9 de março de 2016
pé de comida
deixa-me plantar as mudas
na terra do teu olho
maroto e agoado
deixa-me emudecer
ao chegar no teu colo
doce e macio
deixa-me só
com tua estrutura
que pelos meus cálculos
tem espaço pra mim
deixa-me assim
te colher e levar
pra ser no meu prato,
sem fundo e sem fim.
camila barros
terça-feira, 8 de março de 2016
fora do repertório
o que eu digo
chega cada vez menos
à tua pele.
não assanha,
não arrepia,
não dá calor.
a minha mão fica
cada vez mais longe
mais foge
que calma,
mais descansa
que corre...
de passagem eu fui
passageiro eu sou
não posso ficar,
não por não querer
mas sim
por entender
que essa música
não cabe na minha voz.
camila barros
um sonho e uma janela
eu dormia,
mas estava lá
à beira da tua janela
eu lia Shakespeare
baixinho
e choroso
eu sorria
com os momentos bons
e engolia
os que não aconteceram
eu cantava
o mais lírico e
inaudível
que eu podia ser
eu mostrava
de verdade
o que poderia ter
eu dormia,
mas estava lá
e eu morria
de amores por ti.
camila barros
domingo, 6 de março de 2016
um beijo de mar
cada passo
eu te lembrava menos
cada nota cantada
eu te serenata
menos ainda
mas o beijo
foi onda,
e quem tombou
foi eu
camila barros
sábado, 5 de março de 2016
meu coração, um hospital
cuida coração
cuidamos um do outro
teu pulsar,
eu contento
meu chorar,
tu consola
cui-da-mos-nos nós
que a sós
somente nossa voz
nos obedecemos.
camila barros
quarta-feira, 2 de março de 2016
De noite na cama eu fico Caetano
abraços inatingíveis
beijos visíveis
ao espelho desse livro
chamado minha vida.
amarros cordiais
cordas invisíveis
por ficar aqui querendo
nesse lindo capítulo
chamado feliz.
Camila Barros
Foto: In Bed The Kiss (Lautrec)
beijos visíveis
ao espelho desse livro
chamado minha vida.
amarros cordiais
cordas invisíveis
por ficar aqui querendo
nesse lindo capítulo
chamado feliz.
Camila Barros
Foto: In Bed The Kiss (Lautrec)
terça-feira, 1 de março de 2016
Pena que as horas e as circunstâncias comeram o dia, o sol e tudo que clareia antes das 18 horas, brotando assim a hora de ir embora..
Com os passos, perdi tua cama de vista, perdi teu quarto de vista, a porta, a sala e a outra porta. Entrei no carro, dei-te um tchau e no meu ir, deixei mais... Quando olhei pelo retrovisor, vi tua rua nua, vaga e escura, me dizendo para ir embora!
Entre perder tudo isso de vista e perder minha vista na estrada escura, eu tive teus olhos, teu cabelo, tua boca, tua zona, tua poeira, mesa, telha, comida... estive nua e vestida, calma e desesperada... Estive bem dentro do teu abraço maior que eu, dentro do teu beijo esperado, dentro do teu corpo moreno, dançarino e suado.
Irei comprar o jornal do dia 29 de Fevereiro para guardar esse dia especial, de um ano bissexto que não foi qualquer um.
camila barros
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