quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Intermináveis

te ver é abrir o livro nas últimas páginas
e passar dias lendo as mesmas coisas
pra história nunca acabar.
te ver é te amar de longe
e querer sentar dentro de ti, na tua janela.
te ver é desconectar o meu corpo do meu tórax,
é andar pra frente quase segurando tua mão,
é treinar um final e errar todas as vezes,
é não silenciar dentro da sala do cinema.
é fazer dos poemas meu único dote
por ser a coisa mais singela e verdadeira a oferecer à ti.

te ver é chover; é sentir meu corpo vibrar
e tentar atender à todas as chamadas que tu faz.
te ver é abrir o livro nas últimas páginas
e passar dias lendo as mesmas coisas
pra história nunca acabar.

te ver é abrir o livro nas últimas páginas
e passar dias lendo as mesmas coisas
pra história nunca acabar.

te ver é abrir o livro nas últimas páginas
e passar dias lendo as mesmas coisas
pra história nunca acabar.

camila barros

Conjugação do achado

a praia é a certeza de um encontro.
um encontro de sol e pele,
de mar e areia,
e do meu olhar guardando tudo isso.

é como quando te vejo chegando;
você vem, você senta e você me olha.
você me molha e me derruba
como se eu fosse um castelo de areia.

você me encontra, no meio desses desachados,
quando nem mesmo eu sei
onde quebrar as minhas ondas febris e sem sal.

a praia é a certeza de um encontro.
quando eu me faço céu e você pipa;
quando eu sou o vento e você grita
e eu, tão obediente, levo tua ânsia pra Janaína cuidar.

é o mar, é o sol, é o sal...
você é o peixe que encontra a rede
ou a rede que encontra o peixe.
portanto você é a certeza de uma fome saciada.

e é também esse par de mãos me encontrando areia
em qualquer praia; em qualquer estação.


camila barros


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

domingo, 11 de dezembro de 2016

Tão penosa clandestinidade passarídea

ninho certo
e errado;
pouso certo
e errado;
asa certa
e errada;
vôo certo
e errado;
rota certa
e errada.

mas
tudo depende mesmo de como foi bom pairar,
olhar e te ver naquele mesmo céu
que no meu pouso de vista
é lindo e azul
como você.

camila barros

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Depois do ponto

tudo isso é feito
de um vasto silêncio de amor.

é isso mesmo, sem exagero!

são olhos que fingem não sentir que o veneno da esfinge fez mal,
que bebem de longe a tua essência,
que desenham escondidamente o teu corpo abissal,
que molham e secam como a coisa mais natural do mundo,
que são largos e falhos, mas quando sabem do nosso encontro
tornam-se profundamente atentos e profundos.

sem exagero nenhum!

tudo isso é feito
de um vasto abraço de amor!
esse encontro que sempre acontece meio de lado
e ai tua boca encontra meu pescoço e repousa,
tornando então um terno encontro de pele
que se estende pelo corpo todo da memória.
e os meus olhos? meus olhos fecham
como se eu pulasse num abismo
e pular de um abismo seria pouco
pela tanta agonia que eu sinto
por causa da demora que você tem pra aparecer.

camila barros