segunda-feira, 17 de julho de 2023

Efeito colateral de poema

eu leio um poema
e ele parece uma festa dentro de você

parece uma tempestade
esse rosto colocado nos cadernos
que reservei todo cuidado

você parece se alimentar
de cada palavra que houve
e minha sala se devasta
com cheiro de emoção que você exala
como quando a gente é criança
e sente as coisas pela primeira vez

eu leio poemas e você fecha os olhos, ri...
parece uma intenção de cócegas

você se permite ser inteira
mesmo eu lendo 
poemas pela metade
pra não perceber
que eu tenho falado de ti...

eu leio poemas e você cresce
como se eu pudesse ir
do índico ao pacífico
num piscar de ondas

e é uma onda tão boa te ver viajar...

Camila Barros

Poema de ser

uma fragilidade esquecida,
uma fogueira mantida a dois graus,
uma carta de paus sem par,
uma música que ninguém conhece ou 
um recado que todo mundo conhece?

mas isso é só pela rima.

eu sou um sou em branco
com os olhos arregalados pro mundo
e pode ser qualquer feira,
sábado ou domingo

eu vou barganhar tudo que
quiserem me vender

eu quero negociar diálogos e
trocar tudo que for possível.

eu até gosto de algumas dores
mas eu quero um quadro branco invisível
pra colocar todas as cores que eu fiz.

eu quero as frases de Montenegro
fazendo sempre efeito em mim.

quero por um fim no que não serve
ler poemas variados de quem escreve e
reler memórias

pois eu sou elas também.

Camila Barros