algumas canções deixam nosso coração miudinhos. cada agudo funciona como uma costura que aperta, que afeta sem medo de rejeição. o refrão gira em torno de muitas lembranças que permitem fechar os olhar, pensar, sorrir, até chorar de saudade. as trilhas sonoras dos livros de amor fazem a vida viajar e traduzimos outros idiomas ao pé da nossa letra. olhos nos olhos, correndo pra boca, mordendo de longe. as músicas são nosso flúor.
eis que uma música nova surge de forma aleatória, causando o mesmo impacto, a mesma dor, a mesma curiosidade e vontade de retornar ao passado e viver como se fosse o presente mais bonito de natal dos últimos tempos. parece que não temos tanto tempo para viver, ou que daqui pra frente as coisas não irão se desenrolar. mas temos então o refrão, que continua girando em torno de tudo que foi melhor na vida. então, que coisa mais estranha a sensação de ouvir uma música que nos infiltra como um remédio injetado na veia em grande proporção. que estranho tentar engolir com água os nós que as melodias trazem. que maluquice é essa de ser dominado por sons de violão e letras com frases de efeito.
reflito então que queria ter feito muitas músicas, mas não fiz. queria ter feito vários caminhos, mas não fiz, então me entrego aos sons dos bandolins de montenegro ou violas de sater e me faço livre e entorpecida quando tenho fones.
Camila Barros