quinta-feira, 13 de março de 2014

C de uma noite que quase caiu.



Estou aqui nessa chuva desesperada.
Estou lavando meus cabelos, meus pés, meus olhos. Estou tomando meus remédios, matando a sede, lavando a rede.

Estou nessa chuva desesperada indo até o portão da tua casa
Pois eu molhei todo meu apartamento só pra pegar as uvas que guardei pra ti, e agora estou desesperada como a chuva, chegando pra te dar o que guardei e pra te chamar para dividir a terra, que já virou lama.

Estamos na chuva, e agora não tem desculpa. Eu lavo teus cabelos, eu lavo teu rosto, eu lavo tua boca cheia de uva. Eu lavo os teus pés, teus seios e ninguém viu nada ainda.

Nem o que sobrou da chuva.

Eu lavo teus dedos, eu molho teu rosto, eu limpo o gosto, eu te dou teus remédios, te deito na rede e vou limpar toda sujeira que deixei, antes mesmo de ser chuva.

Antes de ser assim, desesperada.



Camila Barros

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