Tenho saudade de quase tudo. A cidade cresceu e os
compromissos também. A tecnologia é veloz, mas ainda existem coisas no
cotidiano que nos aproximam como humanos.
Um dos exemplos que tenho saudade – claro que não é algo
necessariamente bom – é de quando falta luz. Aqui na minha rua, por
exemplo, todos saem das suas casas com as roupas que estão e vão
conversar com o vizinho para saber o que houve, ou até mesmo para pedir
uma vela, já que às vezes não temos uma lanterna. Os computadores param
de funcionar, as redes wi-fi também, um celular descarregado não
carrega, e se você não tiver um plano de dados, te resta ligar, e ligar
(sim, sem ser a do seu namorado) já é também parte de uma aproximação.
Tenho saudade de tudo. Esses dias vi um amigo jogando war
com outros amigos, minha alegria foi tanta que da próxima irei também;
por que eu tenho saudade de muita coisa de quando não era 2014. Eu sei
que a tecno é bacana, mas se antes eu não a conhecia,
certamente não sentiria falta. Eu sempre soube que não tem como sentir
saudade daquilo que não existe. E é por isso que tenho uma saudade
límpida de quando eu era criança, de quando criança era criança de
verdade, de quando se apanhava por chegar sujo de areia e de quando
existia reunião de pais e mestres no colégio.
Mas a cidade cidade continua crescendo, e os compromissos também.
Eu vou ficar cá com minha saudade, ficar cá com minha
vontade de jogar… E me perguntando sempre qual a necessidade de termos
uma vida cronometrada e resumida a casa, carro, trabalho, carro e casa.
Não espere faltar luz, não espere seu filho ser viciado, não espere um
mês de férias tendo 11 meses no calendário. E se possível, olhe para as
pessoas. Nos olhos.
Pois eu tenho saudade até disso.
camila barros
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