quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

meias âncoras




tirei os sapatos e pisei na areia molhada. fechei os olhos e ouvi o barulho do mar.
naquele momento, a única coisa que eu permiti ser levada, ladrão algum tinha acesso. voltei pra casa com os cabelos embaraçados, peito pulsando e cheia de si. acreditei do tamanho daquele azul que estava tudo bem, contudo, entre meus olhos e a tela desse computador, existe tudo aquilo que lembro da noite, e que volta à tona quando ouço certa música. a música da tua voz chegando.

Judas



A mãe que chora
Quando seu filho vai guerrilhar.
O pai que foge
Com a família estrelar.
O mundo sem rádio,
O mundo com tédio,
O mundo cheio de esconderijo.

A mãe que continua chorando
Por conta do filho
(Aquele que foi lutar e morreu)
A vizinha que chora
Por morrer o dela, o nosso e o teu.

Um mundo quase azul
Cheio de sangue vermelho;
O sangue judeu que todo mundo bebeu
(com os olhos)

Camila Barros

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015




E você já parou para pensar
Na imensidão que é
Seus ossos e pele?
Olhos e dentes?
Corpo e mente...?

cb

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

sentei
o banco movia
e o tempo não havia
de ter dado tempo.

continuei ali,
no banco,
sem...
sem nada a declarar.

refleti sobre escolhas
que não me escolheram
e sobre sobras
que não me restaram.

continuei ali,
li páginas sem números e títulos
e tomei um café que não existia.

e nada existia.

camila barros