roubaram-me a flor
roubaram a moeda
a tragédia de não dar certo
e as incertezas.
o sorvete, o capacete.
roubaram-me os ingressos
e meu ingresso
no ônibus só de ida.
levaram meu pratinho de comida,
meus chocolates quentes
e minhas batatinhas.
roubaram-me da história
e eu não sou mais
o outro lado da moeda.
roubaram as ideias,
as jóias e as latinhas de biju.
roubaram minha lista de música
roubaram os índices,
prefácio,
e o beijaço no meio da rua.
levaram a tv
os programas,
os dvd's e quase levaram
a minha cama.
roubaram-me os livros
as canetas e os pincéis.
sem pena e sem dó.
rasgaram as partituras
bem na minha frente.
me deram um murro,
levaram os dentes.
a asa de um passarinho,
a casa, o ninho.
e então eu continuo
no meio da catástrofe,
levaram o refrão
e eu aqui, estrofe
sem um pedaço,
eunuco.
camila barros
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