sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Caminho Seco

sai da frente boi manso que eu quero vê
quero vê o balai que inês traz
o sol quente feito a peste não me faz temer
que quase foi-se na viagem minha santa paz.
inês mata; quase morre nesse mundo cão
comeu brasa, comeu fogo, tanto de queimar
fez-se abraço quando viu que eu também voltei
sai da frente ave rara, que ela vai chegar.
vai chegar na melhor hora, vendo seu lugar
e seu balai veio na tampa, tanto derramar
derrubando noite e dia nessa terra seca
mas chegou a doralice, doce e lenta e feita.
na cestinha vei milho, vei doce e rapadura
vei um pão meio dormido, tão cansado dessa lonjura
trouxe alforje e uns calçados de tamanho trinta e nove
trouxe ainda muito mais, trouxe chuva e hoje chove.
fica ai, meu boi maneiro, vigiando a entrada
inês trouxe no balai sua roupa e sua morada.
disse ela bem baixinho, na beira do meu cangote
que chegou de mala e cuida, com amor e muita sorte.

camila barros

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