sábado, 7 de janeiro de 2017

Falso soneto; verdadeiro som.

eu sou as dores que não falam.
as dores nas dobras das esquinas,
nas dobras dos papéis sujos
que andam de mão em mão.

convulsa, com um adendo de desespero!
eu sou uma dor tão imensa
que mencioná-la em alto e bom som
não mostra sua grandeza.

dobras e curvas que passeiam em mim;
gorjeio que passeia também, mas longe,
longe de papéis que andam de mão em mão.

sou as dores que nem mesmo digo,
que nem mesmo existo
e que nem mesmo posso falar.

camila barros

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