domingo, 3 de abril de 2016

Intermitente


eu abandono coisas.
se as encontro novamente
acho completamente
complicadas.

o que mais doeu deixar
foram os amores que me ferveram.
os amores que eu afoguei
com milhares de cervejas quentes
e que no outro dia
só me fizeram mal.

abandoná-los foi o contrário de bom.

eu deixo tudo por ai,
inclusive alguns dentes, olhos...
eu deixo abraços esperando,
deixo intenções caladas
botas,
pernas.

assim como
me tornar abandonado por mim
foi mais ainda
o contrário de bom.

eu deixo muitas coisas
boas e ruins,
mas a última que eu deixei na parada de ônibus
me atormentava e me tirava do lugar;
me afogava de beijo
e me ensinou o intuito desse mar.

esse mar que é parecido comigo
que traz a onda, esquece por aqui
e depois morre de saudade.

camila barros 

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