já é tempo de jogar um rio
nas bombas que envolviam nosso pescoço
sim, já é tempo de não falar
das guerras quentes,
de deixar esfriar aquela água
que serviria para preparar o café
que tanto aguardamos.
é tempo de jogar dados
para escolher a própria sorte
é hora de ignorar as fagulhas
que respingam na nossa pele
e que não machucam
sim, chegou o momento de guardar
o diploma de amor que ganhamos
quando nos beijamos a primeira vez
pois naquele momento
eu compreendi Alexandria inteira.
é hora de despendurar o quadro
que tinha toda a essência
subjetiva do teu sorriso.
pois não quero ver as possíveis cores
que rodeavam sua vida.
venderei o pedaço
do seu coração que me deixou
como um alabastro, por 1,99
na tentativa de amenizar
qualquer calor que ele
tenha me proporcionado
é hora de tirar a magia
dos teus dentes, que quando me mordiam
eu ignorava toda obturação
é hora de enrolar meus dedos
em linhas de costura
e desaprender o caminho de percorrer
que começava na tua testa
passando pelos teus seios e
terminando na insanidade da noite
e no perder das horas
da dança dos teus pés
é hora de jogar os dados
para escolher a própria sorte
é o momento de esquecer
a proposta matemática de quando
eu contava os pelos da tua coxa
para meus graus melhorarem
e preciso deixar salgar
aquele sangue fino
que passava veia cava a dentro
na tentativa de tornar
meu coração insalubre
já tempo, sabe?
é tempo de ler as páginas e as linhas
que deixamos como fazemos com nossa carne,
por último, no prato.
já é tempo de encarar
as flores que secaram
é hora de encarar a morte
daquilo tudo que vivemos.
Camila Barros
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