quarta-feira, 3 de maio de 2017

Ah, meu bem

ah, se ainda é tempo de voltar atrás
dessas cortinas que guardaram nossa história
se ainda é tempo de desvendar
a roupa toda que ainda cabe em mim

é tempo de sim, de viver a fantasia
pois não falei de terno.
se falei de amor, se te ignorei
foi por tanto ardor
de saber que teus olhos iam aplaudir
tudo isso e mais um pouco
que eu inventara de vestir.

admitir que era assim minha platéia
total de tu e de um par de boca
quando a tua roupa encontra a minha
calça e blusa de guarda roupa
guarda a roupa todo dia
que alegria, que paródia
da mesma história que ouvi um dia
da mesma coisa nessa hora.

camila barros

Abrigo das fotografias de três anos e tal

não importa quantas vezes
eu passei a nossa história
nem tampouco quantas vezes
eu adiantei a hora.

o relógio sempre marca
seis e quinze, bem cedinho.
seis que marca todo dia
quinze, eu cuido do ninho

que relata a saudade
que acontece todo dia
um abrigo tatuado
quase sempre se tardia

mas acontece feito onda
nascendo com o sopro do vento
assim como nasce um minuto
uma foto, um momento.

camila barros

Quando eu volto pra você

porta
feche a porta
bem a porta
que eu não quero ver o claro
que insiste amanhecer.
é cedo
muito cedo
e as galáxias
transam navalhas cortantes
que não vale clarear.

não por mim
nem por ninguém
mas que céu
é bem o céu
e tão acima daqui
nos protege como o véu
que a mãe espalha no berço
que não tem tamanho, nem preço
e que também
está no alto
e não pensa em cair
na nossa cara
ou coroa
que é a vida, nossa vida
nem tão má e nem tão boa
barro rouco; rachadura.
meio tudo
meio nada
uma luz que ilumina
só com pilha, meia pilha
que acaba no escuro.

são as transas bem cortantes
no caminho de um dia
que acaba e recomeça
com as malas que eu fiz.

camila barros

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Casa (comigo)

para morrer de amor
se crucifique no meu corpo
o manto que tenho (além dos olhos quase pretos)
me more sem demora
com ou sem alergia.

tens uma chave reserva!

camila barros